domingo, 7 de junho de 2015

QUANTO VALE OU É POR QUILO?

QUANTO VALE OU É POR QUILO?




        Um filme excelente que demonstra como eram os costumes e os métodos das classes dominantes no período colonial.
     Durante o seu enredo, transmite ao espectador uma analogia entre a antiga escravidão como comércio e a atual exploração da miséria pelo marketing social. As cenas são em sua maioria de grande choque ao espectador, com o intuito, de acordar uma população ainda adormecida ao que se passa em sua volta e indigná-las com o que é feito das pessoas e do dinheiro nesse âmbito de interesses.  Entre os episódios, é válido ressaltar a ocorrência da captura de uma escrava grávida, a qual, após ser devolvida ao dono sofre um aborto espontâneo. O sangue sai ininterruptamente por entre suas pernas, espantando com a brutalidade. Em seguida nos é mostrado que esse desamor não acaba por ali. Em outra cena, dessa vez não de uma escrava, visto que a escravidão foi abolida há muitos anos e sim de uma adolescente pobre que era sustentada sem o conhecimento do fato, por um marido sem estudo e dinheiro que capturava e matava bandidos para mantê-los. Entre os relatos, são notórias duas semelhanças; A primeira: a desgraça e o risco de ambas as grávidas. A segunda: a existência de um capataz que captura escravos, outro que captura bandidos. Cada um em seu tempo, mas ambos com a mesma função.
          Nos mostra que por cima de toda essa fachada de igualdade, bondade e fraternidade, ainda vivemos em uma sociedade predominantemente interesseira e egoísta. ONGs, as quais supostamente deveriam existir única e exclusivamente para ajudar os necessitados, fazem o máximo e conseguem obter êxito sob a miséria dos outros, desviando verbas, não investindo nas estruturas físicas de suas instituições, enfim, onde há mais marketing, há menos piedade.
    Dessa forma o filme desenha um painel de duas épocas aparentemente distintas, mas no fundo,
semelhantes na manutenção de uma perversa dinâmica sócio econômica, embalada pela corrupção impune, pela violência e pela apartação social.
       O filme não é moralista, por isso não toma partido do certo e do errado. O filme não apresenta perspectiva, a revanche está no fato de o explorado querer que o explorador também sofra. Mostra a lei sempre a favor dos ricos e poderosos. O sequestro aparece como um grito de desespero de uma sociedade que não sabe como fugir de tanta exploração. Bianchi apresenta o capitão do mato como ativo e servindo, forçado pela situação social, aos desmandos dos grandes senhores de hoje. "Quanto vale ou é por quilo?"
        Um filme excelente que demonstra como eram os costumes e os métodos das classes dominantes no período colonial. 


       

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